Com o envelhecimento masculino, a próstata merece uma atenção por 2 situações especiais. A primeira delas é a hiperplasia prostática benigna (tema desse texto) e o outro é o câncer de próstata (assunto que será discutido em outro momento). De imediato, é importante ressaltar que são situações distintas que ocorrem de forma independente da outra.

 

O termo hiperplasia prostática benigna (HPB) é referente ao desenvolvimento do tecido prostática por meio do aumento do número de células, as quais preservam aspectos normais de função, regulação hormonal e estrutura. Esse é o fato diferencial das células neoplásicas e câncer.

 

Como consequência, esse maior número de células promove um aumento do tecido prostático, principalmente na região chamada de transição, a qual envolve a uretra. Desse modo, a principal consequência do crescimento é a obstrução da via de saída da bexiga, causando uma resistência maior ao esforço de contração da bexiga no momento de urinar.

 

Os sintomas decorrentes dessa obstrução podem ser referentes diretamente à obstrução: redução do jato urinário, intermitência do fluxo de urina, necessidade de esforço abdominal para esvaziar a bexiga, hesitação e dificuldade de iniciar o jato; ou referentes as consequências na bexiga: a noctúria (necessidade de acordar mais de 2 vezes para urinar à noite), o aumento da frequência urinária, a ardência ao urinar, a urgência para urinar e o sintoma mais desconfortável de todos, a incontinência urinária.

Esses sintomas são organizados em um questionário, Escore Internacional de Sintomas Prostáticos (IPSS – International Prostatic Symptom Score). A sua principal serventia não é puramente diagnóstica, mas classificatória para intensidade dos sintomas. Esta é a versão traduzida:

 

1) No último mês, quantas vezes, em média, você teve a sensação de não esvaziar completamente a bexiga, depois de terminar de urinar?

2) No último mês, quantas vezes, em média, você teve que urinar de novo menos de 2 horas depois de terminar de urinar?

3) No último mês, quantas vezes, em média, você notou que parava e recomeçava várias vezes quando urinava?

4) No último mês, quantas vezes, em média, você notou que foi difícil conter a vontade de urinar?

5) No último mês, quantas vezes, em média, você notou que o jato urinário estava fraco?

6) No último mês, quantas vezes, em média, você teve que fazer força para começar a urinar?

7) No último mês, quantas vezes, em média, você teve que se levantar em cada noite para urinar?

 

E a pergunta principal: Se você tivesse que passar o resto da vida urinando como está agora, como é que você se sentiria?

As respostas são de 0 a 5 conforme o gabarito a seguir:

0 – Nenhuma vez;

1 – Menos de 1 vez em cada 5;

2 – Menos que a metade das vezes;

3 – Cerca de metade das vezes;

4 – Mais que a metade das vezes;

5 – Quase sempre.

 

O somatório irá classificar os sintomas em:

  • Leves (0 a 7),
  • Moderados (8 a 19)
  • Severos (20 a 35).

 

Apesar de não existir regra para o início do tratamento, é fundamental não perder o momento ideal. A obstrução infravesical causada pelo HPB apresenta 3 fases: a primeira onde predominam os sintomas de armazenamento decorrentes da adaptação da bexiga ao realizar maior esforço, a segunda fase em que os sintomas de esvaziamento ficam proeminentes com prejuízo importante do fluxo e a última fase, em que a bexiga entra em falência e perde sua capacidade de contrair sendo necessário, muitas vezes, o uso de sondas ou tratamentos paliativos.

 

Diante disso, caso algum desses sintomas apareçam é evidente a importância do acompanhamento urológico para a decisão conjunta e bem orientada do momento ideal de tratamento da hiperplasia prostática benigna e suas consequências.

 

Dr. João Henrique Aguayo Mussy
Urologista – RQE 85981
CRM 171565