A ansiedade é um sentimento natural do ser humano e ela até nos ajuda em momentos específicos. Quando estamos ansiosos, podemos experimentar sintomas como falta de ar, coração acelerado e até sensação de medo.
Esses sintomas podem aparecer em uma série de situações, dependendo de cada pessoa. O estresse gerado pelo isolamento social em virtude da prevenção à COVID-19, pode fazer com que os sintomas de ansiedade apareçam de forma mais aguda.
Na relação entre ansiedade e coronavírus neste tempo, pode ser que algumas pessoas desenvolvam um transtorno de ansiedade; outras que já o possuem podem ter uma piora nos seus quadros e um terceiro grupo que sentirá os sintomas de ansiedade e precisará de orientações sobre como agir.
Antes de mais nada, é importante definirmos o que é ansiedade como doença e como sentimento.
Definindo o que é ansiedade
Como dito no início do texto, a ansiedade é algo natural para a sobrevivência do nosso corpo. A diferença é que, em tempos remotos, essa reação ansiosa fazia um sentido mais amplo do que hoje em dia. Por exemplo: ao correr risco de vida, seu corpo sente-se ansioso e uma série de reações acontecem para que você consiga reagir de maneira física àquela situação, como aumento das pupilas, ritmo cardíaco acelerado e maior frequência respiratória.
No caso de uma ameaça invisível que é a do coronavírus, juntamente com o estresse causado pelo confinamento, essas reações acontecem sem necessidade, causando muito desconforto no indivíduo e aumentando ainda mais sua sensação de medo e impotência.
Pessoas diagnosticadas com o transtorno de ansiedade, costumam apresentar crises desse tipo constantes, e elas precisam de tratamento médico adequado, muitas vezes com intervenção medicamentosa.
O que diferencia o transtorno de ansiedade do sentimento de ansiedade, de modo geral, é a frequência da sua manifestação. A ansiedade é um sentimento passageiro, que pode passar com a ocupação através de uma outra tarefa. Em uma pessoa com transtorno, isso é mais difícil, pois ela se sente paralisada e em pânico.
A diferença da falta de ar provocada pela COVID-19 e provocada pela ansiedade
Como dito, um dos sintomas da ansiedade é a falta de ar. A COVID-19, doença provocada pelo coronavírus também possui esse sintoma, o que pode confundir algumas pessoas. A diferença é que a falta de ar provocada pela COVID-19 é constante, ou seja, acontece sempre que o corpo necessita de um esforço físico maior, como até mesmo levantar da cama, mas a sensação está sempre lá.
Já a falta de ar provocada pela ansiedade é episódica, ou seja, ela ocorre de forma intermitente, indo e vindo de acordo com os pensamento, sentimentos e sensações e passa quando mudamos o espectro de pensamentos ou realizemos alguma atividade que nos tranquilize, seja uma meditação, yoga, ou qualquer outro hobby que lhe traga paz.
Por isso, prestar atenção em si mesmo e em todos os outros sintomas relacionados a cada doença é extremamente importante. Veja o comparativo de sintomas da COVID-19 em relação ao transtorno de ansiedade.
Sintomas do Transtorno de Ansiedade | Sintomas COVID-19 |
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Mais comuns:
Também podem aparecer:
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*É bom lembrar que no caso da COVID-19, a falta de ar é o sintoma mais grave que deve fazer com que a pessoa procure atendimento médico. A observação dos outros sintomas também é importante para caracterização do quadro infeccioso.
Como lidar com a ansiedade durante a pandemia de COVID-19?
Quem possui transtorno de ansiedade diagnosticado, deve seguir as recomendações do seu psiquiatra e terapeuta, bem como manter os atendimentos mesmo que por videoconferência.
Agora, as pessoas que estão experimentando a sensação de ansiedade com mais frequência como reflexo do distanciamento social e incertezas de futuro geradas pelo coronavírus, podem seguir algumas dicas:
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Não veja notícias em excesso
Separe um momento do dia para se atualizar e pronto. Ficar vendo notícias sobre o número de casos só vai te deixar mais ansioso e com sensação de impotência. Concentre-se em você mesmo neste momento.
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Respira, inspira e não pira!
A respiração é um fator decisivo na ansiedade. Ela nos indica esse estado e também pode ser a porta de saída. Assim que perceber a sua respiração mais ofegante, sente-se relaxadamente, respire fundo por 7 segundos, segure por 8 segundos e libere todo o ar por 3 segundos pela boca, fazendo barulho. Esse exercício vai contribuir para acalmar a sua frequência respiratória e te ajudar a ficar mais calmo.
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Aproveite as incertezas para lidar com o presente
No momento, estamos vivendo um dia após o outro, com incerteza constante do amanhã. Eis uma excelente oportunidade para exercitarmos o ‘estar presente’. Dedique-se às suas atividades com mais intensidade. O mindfulness pode te ajudar nisso.
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Revisite gostos e hobbies antigos ou descubra novos
Todo mundo sempre tem algo que gosta muito de fazer, mas que a falta de tempo acabou impedindo. Revisite isso e tente fazer neste momento. Caso contrário, reflita sobre seus próprios gostos e procure atividades que lhe estimulem no YouTube ou Pinterest.
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Mantenha uma rotina sustentável
Manter seus horários para os afazeres, bem como a hora de dormir e de acordar é fundamental para a manutenção da saúde mental durante o isolamento social do coronavírus. Adapte a sua rotina.
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Cuide do seu corpo e da sua alimentação
A sua alimentação deve ser equilibrada, pois ela influencia na sua saúde física e no seu humor. O mesmo vale para os exercícios físicos que devem acontecer. Existe uma série de vídeos ensinando a se exercitar em casa. Em uma breve pesquisa você consegue montar sua rotina de exercícios durante a quarentena.
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Mantenha interações sociais com os amigos
Isolamento social não significa isolamento afetivo. Você deve manter o contato com seus amigos e fazer encontros com eles através de videochamadas. Aproveite o momento para estreitar e manter laços.
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Sentiu-se muito ansioso e desconfortável emocionalmente? Ligue para o CVV
Caso durante esse período você se sinta extremamente angustiado e não consiga lidar com a própria dor, procure o centro de atendimento do CVV – Centro de Valorização da Vida – através do 188. Lá, vários voluntários estão prontos para lhe atender e ajudar você com um apoio nesse momento difícil.
A hora é de atenção e cuidado, não de desespero
Em situações de risco, mantenha a calma. Essa frase é bastante dita, mas sabemos como isso é difícil. No entanto, é sempre bom refletir o que você pode fazer para mudar essa situação? Não sofra pelo que não está ao seu alcance, mas empenhe-se em fazer o que você consegue para melhorar a sua saúde mental e a das pessoas em sua volta. Ter atenção e cuidado é essencial, mas sem desespero, certo? Tudo isso vai passar.