O corpo humano apresenta um funcionamento complexo e interdependente. Um órgão pode afetar o funcionamento de outro – ora ajudando ou sobrecarregando. Um exemplo ocorre com o intestino e os rins.
Considerado como um “segundo cérebro”, o intestino possui um sistema nervoso próprio (denominado sistema nervoso entérico) que possui 100 milhões de neurônios que produzem diversos neurotransmissores responsáveis por regular funções intestinais de absorção, secreção, excreção e sensibilidade. Este órgão ainda afeta a nossa saciedade e o nosso humor, já que 95% de toda a serotonina do organismo humano é produzida justamente na região intestinal.
A relação entre intestino e rins é complexa. Estudos realizados nos últimos 15 anos sugerem que a presença da bactéria intestinal Oxalobacter formigenes pode reduzir os riscos de desenvolvimento de cálculo renal. Veja a seguir por que isso acontece!
Oxalato
Primeiramente, é preciso lembrar que o cálculo renal se forma a partir do resíduo de substâncias expelidas pela urina. Até 80% desses cálculos são formados pelo oxalato de cálcio – composto químico inorgânico que forma cristais em forma de agulha.
Essa substância é o produto final do metabolismo de aminoácidos e do ácido ascórbico. Quando o oxalato encontra o cálcio na urina, eles podem se cristalizar e formar o oxalato de cálcio – que é excretado pela urina pois não pode ser metabolizado pelo organismo humano. Quando o oxalato de cálcio é encontrado em alta concentração na urina, isso pode ser sinal de pedras nos rins.
Oxalobacter formigenes: impacto do intestino sobre os rins
Embora seja conhecida pela ciência há alguns séculos, a microbiota intestinal tem recebido cada vez mais atenção de pesquisadores. Na medida em que o avanço científico consegue criar metodologias para medir a qualidade e a quantidade de diferentes tipos de microorganismos – especialmente as mais de 3 mil espécies de bactérias que ali vivem.
Uma delas é a Oxalobacter formigenes. Essa espécie coloniza o intestino grosso e, de acordo com o Journal of the American Society of Nephrology, pessoas que apresentam essa bactéria em seu intestino apresentam um risco até 70% menor de desenvolver pedras nos rins.
Isso acontece porque essa espécie de bactéria consegue degradar o oxalato no intestino e possui o papel de proteger o nosso organismo contra a formação de oxalato de cálcio. Em tese, isso significa uma redução dos casos de pedras nos rins. Contudo, especialmente em países considerados desenvolvidos, essas bactérias são cada vez menos frequentes por causa do uso de antibióticos.
Um estudo publicado em 2015 por pesquisadores de diferentes universidades investigou a microbiota de indígenas yanomamis que habitavam a Venezuela e que não haviam tido contato com outras sociedades. Após coletar amostras retiradas das fezes, da pele e da boca, os pesquisadores realizaram um sequenciamento genético. E constataram que esse grupo apresentava uma diversidade de microbiota muito superior àquela encontrada em outros grupos humanos (como cidadãos dos Estados Unidos, por exemplo).
Alimentação
Vale lembrar que, desde a primeira infância, manter uma dieta saudável é fundamental para criar uma microbiota intestinal rica e diversa. Pessoas que apresentam uma grande concentração de oxalato de cálcio na urina (como os pacientes com pedras nos rins) devem manter alguns cuidados especiais com a alimentação.
Um deles é limitar a gordura ingerida em refeições ricas em cálcio. Além disso, é recomendado fornecer cálcio extra nas refeições com alimentos ricos em oxalato para fixar este composto e, assim, reduzir a sua absorção pelo organismo.
Outro cuidado é moderar o consumo de oxalato em sua dieta – essa substância é bastante encontrada em diversos alimetos. Alguns exemplos são: espinafre, beterraba, cacau em pó, chá preto, batata doce, acelga, amendoim, feijão, entre outros exemplos.
Antes de consumir esses alimentos, tente fervê-los, pois isso reduz a quantidade de oxalato em sua composição. Por fim, capriche na hidratação e busque inserir probióticos na sua dieta para aumentar a população de Oxalobacter formigenes e, assim, degradar o oxalato.
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Formado em Medicina pela UNIFESP, com residência em Urologia pela mesma instituição, o Dr Alex Meller atua como diretor clínico da Urobrasil desde de 2010, e tem diversas contribuições significativas na área de urologia, sendo algumas delas como:
Médico assistente da Disciplina de Urologia da UNIFESP – Escola Paulista de Medicina
Vice-chefe do setor de Endourologia e Litíase Renal da Disciplina de Urologia – UNIFESP/EPM
Delegado representante do Brasil na Sociedade Mundial de Endourologia (Endourological Society) entre os anos de 2018 a 2021
Coordenador do setor de Endourologia e Litíase Renal da Sociedade Brasileira de Urologia na Gestão 2016/2017
Autor de artigos científicos, capítulos de livros e palestras em Endourologia e Cálculo Renal
Membro do corpo clínico dos mais renomados hospitais de São Paulo