As pedras nos rins, ou cálculos renais, são mais comuns em adultos, mas também podem afetar crianças. O diagnóstico e o tratamento precoce são essenciais para prevenir complicações e garantir a saúde a longo prazo. Nesta página, exploraremos em detalhes as causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e prevenção de pedras nos rins em crianças, oferecendo uma visão abrangente e detalhada sobre como lidar com essa condição pediátrica.
Causas das pedras nos rins em crianças
As pedras nos rins em crianças podem ser causadas por uma variedade de fatores, incluindo genética, dieta, hidratação inadequada e condições médicas subjacentes.
Genética e predisposição familiar
A genética pode desempenhar um papel significativo na formação de pedras nos rins em crianças.
- Histórico familiar: crianças com parentes próximos que tiveram pedras nos rins têm maior probabilidade de desenvolver a condição.
- Condições hereditárias: doenças como cistinúria e hiperoxalúria primária são condições genéticas que podem aumentar o risco de formação de pedras.
Dieta
A dieta de uma criança pode influenciar significativamente o risco de desenvolver pedras nos rins.
- Alto consumo de sal: dietas ricas em sódio podem aumentar os níveis de cálcio na urina, aumentando o risco de formação de pedras.
- Baixa ingestão de líquidos: a hidratação inadequada pode levar à urina concentrada, facilitando a formação de cristais que se transformam em pedras.
- Dieta rica em oxalato: alimentos ricos em oxalato, como espinafre, beterraba, chocolate e nozes, podem contribuir para a formação de pedras de oxalato de cálcio.
Hidratação inadequada
A falta de ingestão adequada de líquidos é uma das principais causas de pedras nos rins em crianças.
- Urina concentrada: quando as crianças não bebem líquidos suficientes, a urina se torna mais concentrada, aumentando a probabilidade de formação de cristais.
Condições médicas subjacentes
Certas condições médicas podem aumentar o risco de formação de pedras nos rins em crianças.
- Infecções do trato urinário (ITUs): infecções urinárias recorrentes podem contribuir para a formação de pedras, especialmente as de estruvita.
- Distúrbios metabólicos: condições como a hiperparatireoidismo, gota e diabetes podem alterar a composição da urina e aumentar o risco de pedras.
- Doenças digestivas: doenças como a doença de Crohn e colite ulcerativa podem afetar a absorção de cálcio e água, aumentando o risco de pedras.
Sintomas de pedras nos rins em crianças
Os sintomas de pedras nos rins em crianças podem variar dependendo do tamanho, localização e número de pedras.
Dor abdominal e lombar
A dor é um dos sintomas mais comuns de pedras nos rins em crianças.
- Localização: a dor pode ser sentida no abdômen, nas costas ou nos lados. Em alguns casos, a dor pode irradiar para a virilha.
- Intensidade: a dor pode variar de leve a intensa e pode ocorrer em ondas, com picos de intensidade seguidos por períodos de alívio.
Hematúria (sangue na urina)
A presença de sangue na urina, conhecida como hematúria, é um sintoma comum de pedras nos rins em crianças.
- Hematúria macroscópica: o sangue é visível a olho nu, deixando a urina com uma cor rosada, vermelha ou marrom.
- Hematúria microscópica: o sangue só é detectado através de exames laboratoriais de urina.
Náuseas e vômitos
Náuseas e vômitos podem ocorrer devido à dor intensa causada pelas pedras nos rins.
- Causa: a dor severa pode desencadear uma resposta vagal, resultando em náuseas e vômitos.
Urina turva ou com cheiro forte
Alterações na aparência e no cheiro da urina podem ser sinais de pedras nos rins.
- Urina turva: pode ser causada pela presença de sedimentos, como cristais ou células sanguíneas.
- Cheiro forte: pode indicar uma infecção urinária associada.
Urinar frequentemente ou com dor
A necessidade frequente de urinar e a dor ao urinar são sintomas comuns em crianças com pedras nos rins.
- Necessidade frequente de urinar: pode ser causada pela irritação da bexiga e do trato urinário.
- Dor ao urinar: pode ser causada pela passagem da pedra através do trato urinário.
Diagnóstico de pedras nos rins em crianças
O diagnóstico precoce do cálculo renal é crucial para o tratamento eficaz e a prevenção de complicações.
Histórico médico e exame físico
O médico começará com uma avaliação detalhada do histórico médico da criança e um exame físico.
- Histórico familiar: o médico perguntará sobre a presença de pedras nos rins na família.
- Sintomas: o médico avaliará os sintomas relatados pela criança, incluindo a localização e intensidade da dor, presença de sangue na urina, náuseas e vômitos.
- Exame físico: o médico realizará um exame físico para identificar áreas de sensibilidade e sinais de infecção.
Exames laboratoriais
Os exames laboratoriais são essenciais para avaliar a composição da urina e identificar anormalidades.
- Urina I (EAS): este exame avalia a presença de sangue, cristais, bactérias e outros componentes na urina.
- Urocultura: se houver suspeita de infecção urinária, uma urocultura será realizada para identificar o tipo de bactéria presente e determinar o tratamento antibiótico apropriado.
- Exames de sangue: avaliam a função renal e identificam anormalidades nos níveis de cálcio, ácido úrico e outros eletrólitos.
Exames de imagem
Os exames de imagem são cruciais para confirmar a presença de pedras nos rins, determinar seu tamanho e localização.
- Ultrassom: uma técnica de imagem segura e não invasiva usada para detectar pedras nos rins.
- Tomografia Computadorizada (TC): oferece imagens detalhadas dos rins e do trato urinário, identificando até mesmo as menores pedras.
- Raio-X: pode ser usado, mas é menos sensível do que a TC.
Tratamento de pedras nos rins em crianças
O tratamento das pedras nos rins em crianças varia de acordo com o tamanho, tipo e localização das pedras, bem como os sintomas apresentados.
Tratamentos não invasivos
Para pedras pequenas ou que não causam sintomas graves, os tratamentos não invasivos são geralmente a primeira linha de ação.
- Hidratação: aumentar a ingestão de líquidos para ajudar a eliminar pedras pequenas pela urina.
- Medicamentos para a dor: analgésicos podem ser usados para aliviar a dor.
- Alfa-bloqueadores: medicamentos como tamsulosina podem ser usados para relaxar os músculos dos ureteres e facilitar a passagem da pedra.
Litotripsia extracorpórea por ondas de choque (LECO)
A litotripsia extracorpórea por ondas de choque é um procedimento não invasivo usado para quebrar pedras grandes em fragmentos menores, que podem ser eliminados pela urina.
- Procedimento: o paciente deita-se em uma mesa e um dispositivo de litotripsia é colocado sobre a área do rim. Ondas de choque são direcionadas para a pedra, quebrando-a em fragmentos menores.
- Duração: o procedimento geralmente dura entre 45 minutos a uma hora.
Ureteroscopia
A ureteroscopia é um procedimento minimamente invasivo usado para tratar pedras localizadas no ureter ou no rim.
- Procedimento: um ureteroscópio (um tubo fino com uma câmera) é inserido pela uretra e avançado até o ureter ou rim. O médico pode remover a pedra com ferramentas especiais ou usar um laser para quebrá-la em fragmentos menores.
- Duração: o procedimento geralmente dura de 1 a 3 horas.
Nefrolitotomia percutânea
A nefrolitotomia percutânea é um procedimento cirúrgico usado para remover pedras grandes ou complicadas diretamente do rim.
- Procedimento: um pequeno corte é feito nas costas do paciente e um nefroscópio (um tubo fino com uma câmera) é inserido diretamente no rim. A pedra é então quebrada em fragmentos menores e removida.
- Duração: o procedimento pode durar várias horas, dependendo do tamanho e localização da pedra.
Prevenção de pedras nos rins em crianças
A prevenção de pedras nos rins em crianças envolve mudanças no estilo de vida, dieta e hidratação adequada.
Hidratação adequada
Manter-se bem hidratado é uma das medidas mais importantes para prevenir a formação de pedras nos rins.
- Quantidade de líquidos: crianças devem beber pelo menos 1 a 2 litros de água por dia, dependendo da idade e do nível de atividade.
- Monitoramento da urina: a cor da urina deve ser clara ou amarelo pálido, indicando boa hidratação.
Dieta balanceada
Uma dieta equilibrada pode ajudar a prevenir a formação de pedras nos rins.
- Cálcio: consumir cálcio suficiente na dieta, principalmente de fontes alimentares como laticínios.
- Oxalato: reduzir a ingestão de alimentos ricos em oxalato, como espinafre, beterraba, chocolate e nozes.
- Sódio: limitar a ingestão de sal a menos de 2.300 mg por dia.
- Proteínas animais: limitar o consumo de carnes vermelhas, frutos do mar e outros alimentos ricos em purinas.
Suplementos e medicamentos
Em alguns casos, suplementos e medicamentos podem ser necessários para prevenir a formação de novas pedras nos rins.
- Citrato de potássio: pode ser prescrito para aumentar os níveis de citrato na urina, ajudando a prevenir a formação de pedras de cálcio.
- Diuréticos tiazídicos: podem ser usados para reduzir os níveis de cálcio na urina.
- Bicarbonato de sódio: usado para alcalinizar a urina e prevenir pedras de ácido úrico.
Acompanhamento médico regular
O acompanhamento regular com um urologista é essencial para monitorar a saúde renal e prevenir a formação de novas pedras nos rins.
- Exames de urina e sangue: realizar exames regulares de urina e sangue para monitorar a presença de cristais, infecções e outras anormalidades.
- Exames de imagem: realizar exames de imagem, como ultrassom ou tomografia computadorizada, regularmente para monitorar a presença de novas pedras.
Conclusão
As pedras nos rins em crianças podem causar dor intensa e complicações sérias, mas com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, é possível gerenciar a condição e prevenir problemas a longo prazo. A prevenção envolve mudanças no estilo de vida, dieta, hidratação adequada e acompanhamento médico regular. Com a adoção dessas estratégias, é possível reduzir significativamente o risco de formação de novas pedras nos rins e manter a saúde renal das crianças. Para mais informações sobre pedras nos rins em crianças e para agendar uma consulta, entre em contato com nossa clínica de urologia. Estamos aqui para ajudar você a manter os rins do seu filho saudáveis e livres de pedras.
- CRM 82597
- RQE 66851
Médico chefe da Clínica de Urologia do Hospital do Servidor Público Municipal e Coordenador da cadeira de Urologia da Universidade UniNove. Atuou como coordenador do setor de Uro-oncologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Possui diversos artigos e livros.