Diagnosticando o cálculo renal (pedra no rim)

O diagnóstico preciso das pedras nos rins é essencial para iniciar o tratamento adequado e evitar complicações. Este processo envolve a avaliação dos sintomas, exames clínicos, laboratoriais e de imagem para identificar a presença, localização e tipo de pedras nos rins. Nesta página, exploraremos em detalhes os métodos e procedimentos usados para diagnosticar pedras nos rins, incluindo o histórico médico, exame físico, exames de urina e sangue, e as diferentes técnicas de imagem.

Histórico médico e exame físico

O primeiro passo no diagnóstico de pedras nos rins é a obtenção de um histórico médico completo e a realização de um exame físico detalhado.

Histórico médico:

  • Sintomas relatados: o médico fará perguntas detalhadas sobre os sintomas que o paciente está experimentando, incluindo a localização, intensidade e duração da dor, presença de sangue na urina, náuseas, vômitos e qualquer alteração nos padrões urinários.
  • Histórico familiar: a presença de pedras nos rins na família pode aumentar o risco do paciente, e essa informação é importante para o diagnóstico.
  • Histórico de saúde: o médico avaliará condições médicas pré-existentes, como infecções urinárias frequentes, gota, hiperparatireoidismo e doenças digestivas, que podem contribuir para a formação de pedras.
  • Uso de medicamentos: alguns medicamentos podem aumentar o risco de pedras nos rins, e o médico precisará saber sobre todos os medicamentos e suplementos que o paciente está tomando.

Exame físico:

  • Palpação abdominal e lombar: o médico palpará o abdômen e a região lombar para identificar áreas de sensibilidade e dor.
  • Sinais de infecção: febre, calafrios e sinais de infecção urinária serão avaliados, pois podem estar associados às pedras nos rins.

Exames laboratoriais

Os exames laboratoriais são fundamentais para avaliar a função renal, identificar anormalidades na urina e no sangue, e determinar a presença de infecções.

Exames de urina:

  • Urina I (EAS): este exame avalia a presença de sangue, cristais, bactérias e outros componentes na urina. A hematúria (presença de sangue na urina) é um achado comum em pacientes com pedras nos rins.
  • Urocultura: se houver suspeita de infecção urinária, uma urocultura será realizada para identificar o tipo de bactéria presente e determinar o tratamento antibiótico apropriado.
  • Análise de cristais: a análise microscópica da urina pode revelar a presença de cristais que podem formar pedras, como oxalato de cálcio, ácido úrico, estruvita e cistina.

Exames de sangue:

  • Creatinina e ureia: esses exames avaliam a função renal. Níveis elevados podem indicar comprometimento renal, que pode ser causado ou exacerbado pela presença de pedras nos rins.
  • Cálcio sérico: níveis elevados de cálcio no sangue podem sugerir hiperparatireoidismo, uma condição que aumenta o risco de formação de pedras de cálcio.
  • Ácido úrico: níveis elevados de ácido úrico podem indicar gota ou risco de pedras de ácido úrico.
  • Eletrólitos: a avaliação dos eletrólitos no sangue pode fornecer informações sobre o equilíbrio ácido-base e a função renal.

Exames de imagem

Os exames de imagem são cruciais para confirmar a presença de pedras nos rins, determinar seu tamanho, localização e orientar o tratamento.

Ultrassom:

  • Como funciona: o ultrassom usa ondas sonoras para criar imagens dos rins e do trato urinário. É uma técnica segura e não invasiva.
  • Vantagens: não envolve radiação, é relativamente barato e pode ser realizado rapidamente.
  • Limitações: pode não detectar pedras pequenas ou localizadas em certas áreas do trato urinário, e a qualidade das imagens pode ser inferior à de outros métodos.

Tomografia Computadorizada (TC):

  • Como funciona: a TC usa raios X para criar imagens detalhadas dos rins e do trato urinário. Pode ser realizada com ou sem contraste.
  • Vantagens: considerada o padrão ouro para o diagnóstico de pedras nos rins devido à sua alta precisão e capacidade de detectar até mesmo as menores pedras. Também fornece informações detalhadas sobre a localização e o tamanho das pedras.
  • Limitações: envolve exposição à radiação, pode ser mais cara e pode não ser adequada para todos os pacientes, especialmente aqueles com problemas renais graves ou alergias a contraste.

Raio-X (Urografia Excretora):

  • Como funciona: a urografia excretora envolve a injeção de um meio de contraste que é excretado pelos rins, permitindo que as pedras sejam visualizadas em imagens de raio-X.
  • Vantagens: pode fornecer informações sobre a função renal e a anatomia do trato urinário.
  • Limitações: menos sensível do que a TC e pode não detectar todas as pedras, especialmente aquelas compostas de certos materiais que não aparecem bem em raios-X.

Urografia por Ressonância Magnética (RM):

  • Como funciona: a RM usa campos magnéticos e ondas de rádio para criar imagens detalhadas dos órgãos internos.
  • Vantagens: não envolve radiação e pode ser útil em pacientes que não podem ser expostos a radiação ou contrastes iodados.
  • Limitações: menos comum para o diagnóstico de pedras nos rins e pode ser menos precisa na detecção de pedras pequenas.

Pielografia retrógrada:

  • Como funciona: um meio de contraste é injetado diretamente nos ureteres através de um cistoscópio, permitindo a visualização das pedras nos ureteres e rins.
  • Vantagens: útil para visualizar obstruções e pedras que não são facilmente detectadas por outros métodos.
  • Limitações: procedimento invasivo que pode causar desconforto e infecções.

Interpretação dos resultados

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais e de imagem é fundamental para o diagnóstico preciso e a escolha do tratamento adequado.

Exames de urina:

  • Hematúria: a presença de sangue na urina sugere a presença de pedras nos rins ou outras condições que causam irritação ou danos ao trato urinário.
  • Cristais urinários: a identificação de cristais específicos pode ajudar a determinar o tipo de pedra e orientar as medidas preventivas.
  • Infecção: a presença de bactérias ou leucócitos na urina indica infecção urinária, que pode complicar a presença de pedras nos rins.

Exames de sangue:

  • Função renal: níveis elevados de creatinina e ureia indicam comprometimento da função renal, que pode ser causado por obstrução ou dano renal devido às pedras.
  • Cálcio sérico: níveis elevados de cálcio podem sugerir hiperparatireoidismo ou outras condições metabólicas que aumentam o risco de pedras.
  • Ácido úrico: níveis elevados de ácido úrico sugerem risco de pedras de ácido úrico e podem indicar gota.

Exames de imagem:

  • Tamanho e localização das pedras: as imagens de TC, ultrassom e outros métodos de imagem fornecem informações detalhadas sobre o tamanho, localização e número de pedras, essenciais para planejar o tratamento.
  • Obstrução urinária: a presença de obstrução no trato urinário pode ser identificada, o que pode exigir intervenção imediata para prevenir danos renais.

Planejamento do tratamento com base no diagnóstico

Com base nos resultados dos exames, o médico pode planejar o tratamento de cálculo renal mais adequado para o paciente.

Tratamento de pedras pequenas:

  • Hidratação: beber grandes quantidades de água pode ajudar a eliminar pedras pequenas naturalmente.
  • Medicamentos: analgésicos para aliviar a dor e medicamentos que relaxam os músculos dos ureteres para facilitar a passagem da pedra.

Tratamento de pedras grandes ou complicadas:

  • Litotripsia Extracorpórea por Ondas de Choque (LECO): usada para quebrar pedras em fragmentos menores que podem ser eliminados pela urina.
  • Ureteroscopia: um procedimento minimamente invasivo para remover ou quebrar pedras no ureter ou rim.
  • Nefrolitotomia Percutânea: usada para remover pedras grandes ou complicadas através de um pequeno corte nas costas.
  • Cirurgia Aberta: raramente necessária, utilizada em casos extremos onde outros métodos falharam.

Tratamento de infecções:

  • Antibióticos: prescritos para tratar infecções urinárias que podem estar presentes junto com pedras nos rins.

Prevenção de recorrências:

  • Dieta e Hidratação: mudanças na dieta e aumento da ingestão de líquidos para prevenir a formação de novas pedras.
  • Medicamentos Preventivos: em alguns casos, medicamentos podem ser prescritos para reduzir o risco de formação de novas pedras.

Acompanhamento e monitoramento

O acompanhamento regular é essencial para garantir a eficácia do tratamento e prevenir recorrências.

Exames regulares:

  • Exames de Urina e Sangue: monitorar a função renal e a presença de cristais urinários e outros indicadores.
  • Exames de Imagem: realizar ultrassom ou TC regularmente para monitorar a presença de novas pedras.

Consultas médicas:

  • Acompanhamento com Urologista: consultas regulares para ajustar o tratamento conforme necessário e monitorar a saúde renal.
  • Avaliação de Sintomas: relatar qualquer novo sintoma ou alteração nos padrões urinários ao médico para avaliação imediata.

Conclusão

O diagnóstico preciso e oportuno das pedras nos rins é essencial para um tratamento eficaz e a prevenção de complicações. Através de uma combinação de histórico médico, exame físico, exames laboratoriais e técnicas de imagem avançadas, é possível identificar a presença, localização e tipo de pedras nos rins. Com base nesses resultados, os médicos podem planejar o tratamento mais adequado e monitorar a saúde renal a longo prazo. Para mais informações sobre o diagnóstico de pedras nos rins e para agendar uma consulta, entre em contato com nossa clínica de urologia. Estamos aqui para ajudar você a manter seus rins saudáveis e livres de pedras.

Alexandre Crippa Sant'Anna

Médico chefe da Clínica de Urologia do Hospital do Servidor Público Municipal e Coordenador da cadeira de Urologia da Universidade UniNove. Atuou como coordenador do setor de Uro-oncologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Possui diversos artigos e livros.

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